sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Discutindo Desigualdades no Contexto de Raça


A desigualdade entre mulher branca e negra no Brasil é histórica e descrever sobre esse tema é falar sobre uma história de exclusão, onde atitudes discriminatórias de sexo, raça e pobreza são estruturantes.

No Brasil, as discriminações associadas de gênero e raça estão ma matriz das desigualdades, contribuindo para a permanência da pobreza e da exclusão social.  Foram produzidas historicamente e são reproduzidas cotidianamente no mercado de trabalho e na sociedade (Igualdade de Gênero e Raça no Trabalho: Avanços e Desafio/Organização Internacional do Trabalho. – Brasília: OIT 2010, p. 54).

A mulher negra está à mercê da negligência social, trata-se de uma maioria sem acesso aos benefícios sociais e expostas à violência de gênero e raça.

De maneira relevante as mulheres negras contribuíram para a construção socioeconômica e cultural e foram decisivas para as conquistas de direitos das mulheres brasileiras. 

Reconhecer a violência contra a mulher e traçar medidas de segurança requer de toda a sociedade envolvimento, o cumprimento de legislações e reconhecimento, em especial da Justiça, Segurança Pública, Saúde e Assistência Social, pois se trata de grande parcela da população que historicamente foi tratada sem prioridades nas políticas públicas. 

O antropólogo Roberto DaMatta, que discorre sobre a constituição do perfil do brasileiro, além de Gilberto Freire, na qual se atribui o conceito de democracia racial, onde defende a ideia de que no Brasil havia integração entre as raças e não racismo. Destarte, tal conceito é reconhecido como um mito, na qual, após pesquisas realizadas pela UNESCO, chegou-se a conclusão de que há sim, conflitos raciais entre brancos e negros no Brasil. Tal mito converge-se em “barreira” limitando às ações dos negros por igualdade racial, uma vez que “maqueia” a ausência do preconceito no país, além de eximir a população branca de responsabilidades frente aos problemas sociais dos negros.

Embora vários países sejam signatários da Declaração Universal de Direitos Humanos - DUDH, esse fato não garante que os princípios éticos preconizados sejam mantidos por todos os participantes. Como exemplo, pode-se citar o período da ditadura militar no Brasil, onde o mesmo já participava das ações da Declaração. A DUDH vem evoluindo no que tange às questões de gênero e raça, estimulando as instituições, tanto governamentais quanto não governamentais a promoverem a garantia de direitos.

Falar em igualdade realmente configura-se um desafio, uma vez que existem pontos de vistas diferentes. Um deles é a questão do conceito de raça, onde do ponto de vista biológico, somente existe a raça humana. Já do ponto de vista social e político torna-se relevante reconhecer o racismo enquanto atitude. Leonardo Boff, em seu livro “A Águia e a Galinha”, cita na primeira página, que “Todo ponto de vista depende da vista de um ponto”, portanto, ambos possuem peculiaridades em sua forma de enxergar uma mesma realidade. Nesse caso, o que deve ser combatido é justamente a atitude, onde essa muitas vezes se configura de forma perversa e discriminatória.




Referência Bibliográfica

HEILBORN, Maria Luiza; ARAÚJO, Leila; BARRETO, Andreia (orgs). Gestão de políticas públicas em gênero e raça/GPP-GeR: módulo 3. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010.